A estação das chuvas está chegando ao fim no sertão do Rio Grande do 
Norte e, mais uma vez, o quadro é de seca. Não com a intensidade de 
2012, considerada a maior dos últimos 50 anos, mas com volume de água 
insuficiente para garantir a produção agrícola. De acordo com dados da 
Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), no período 
janeiro-março,  os registros mostram situação de “seca extrema” nas 
mesorregiões Oeste e Central, onde estão localizados 99 dos 167  
municípios e vivem 1,25 milhão de habitantes, 38% da população do 
Estado.
 
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| Em Campo Grande, as chuvas atingiram 654 milímetros, fazendo sangrar a barragem da Pepeta - Foto Diego Moicano. | 
 
“As condições não favoráveis referentes ao campo da temperatura das 
águas do oceano confirmaram as previsões de chuvas abaixo da média para o
 período no semiárido”, informa a Emparn. Isso impediu que a Zona de 
Convergência Intertropical, principal indutor de chuvas na região Norte 
do Nordeste, se deslocasse até o continente.
Os dados coletados 
até quarta-feira, dia 28, nas centenas de pluviômetros espalhados pelo 
interior, colocam todos os 167 municípios,  na condição de seca extrema,
 isto é, os índices pluviométricos ficaram muito abaixo da média 
histórica. Foi o caso, por exemplo, de Apodi, um dos municípios com 
maior área rural do Rio Grande do Norte e onde está encravada a barragem
 Santa Cruz, com capacidade para 600 milhões de metros cúbicos de água. 
 Entre 1º de janeiro e 29 de maio foram registrados 400,3 milímetros de 
chuvas. 
A escala meteorológica do município tem a seguinte 
divisão: até 426 milímetros, quadro “Muito Seco”; de 427 a 562 “Seco”; 
de 563 a 867 “Normal”, de 868 a 1.068 “Chuvoso”. Acima disso, “Muito 
Chuvoso”. No semiárido, apenas um município atingiu, até agora, volume 
de chuva para ser enquadrado como “inverno normal” do ponto de vista do 
volume de água. Foi Campo Grande, no Médio Oeste, onde já choveu mais de
 654 milímetros, levando-se em conta a média dos dois pluviômetros que 
colhem dados para a Emparn. 
As chuvas fizeram sangrar no sábado 
(20/04), a barragem da Pepeta (no campo de aviação). Outros municípios 
como Martins (743,4 mm), Serrinha dos Pintos  (737,5) e Major Sales 
(734,1), todos no Alto Oeste, podem superar a média considerada “normal”
 com mais  30 milímetros de chuva neste final de temporada.
Bons ventos
O
 clima mudou em abril, conforme registra a Emparn: “O vento de sudeste 
diminuiu e o vento de nordeste aumentou. Esse novo cenário  favoreceu a 
ocorrência de boas chuvas em grande parte do interior do Estado durante a
 segunda quinzena de abril/2013 e início de maio/2013, com destaque para
 as Microrregiões de Mossoró, Médio Oeste, Chapada do Apodi, Serra de 
São Miguel, Pau dos Ferros, Vale do Açu e Seridó Ocidental, enquanto que
 nas outras microrregiões como são os casos do Seridó Oriental, Agreste 
Potiguar, Baixa Verde, Angicos, Macau, Borborema, Litoral Nordeste, as 
chuvas ocorridas, além de serem poucas, apresentaram uma distribuição 
temporal e espacial bastante irregular.”
O inverno na região 
Nordeste é regido por dois sistemas: o da Zona de Convergência, que leva
 chuvas ao sertão, e o sistema de brisas vindas do Atlântico, 
responsável pela estação chuvosa no Litoral e no Agreste. Para os 
municípios da Região do Agreste as chuvas deverão variar entre 250mm a 
350mm.  
A falta de chuvas no semiárido acarretou uma condição de
 seca extrema. “Além de serem poucas, as chuvas se apresentaram de 
maneira muito irregular. A agricultura foi mais prejudicada, embora a 
criação também tenha sentido prejuízos”, avalia Bristot.

 
Fonte: Jornal Tribuna do Norte