sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Em meio à seca, rebanho do RN perdeu 190 mil cabeças de gado

Andrielle Mendes - repórter

O Rio Grande do Norte registrou a terceira maior queda do país no rebanho bovino entre 2011 e 2012, em termos percentuais. A redução (18,1%), que foi menor apenas que as verificadas na Paraíba (28,6%) e em Pernambuco (24,2%), pode ser maior, já que as perdas de 2013 não foram contabilizadas. Os números fazem parte da pesquisa Municipal da Pecuária, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foram comentados por representantes do setor e do governo durante o lançamento da programação da Festa do Boi, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.

Perdas calculadas pelo IBGE computam animais mortos e também os que foram vendidos pelos criadores para abate, por exemplo. - Foto: Magnus Nascimento.
O IBGE não estimou o prejuízo financeiro ocasionado pela queda no número de bovinos no RN. Houve, no entanto, um prejuízo de R$ 15,4 milhões, considerando apenas a redução da produção de leite e mel no estado. Segundo a pesquisa, 45 mil vacas deixaram de ser ordenhadas e 45 milhões de litros de leite deixaram de ser produzidos no estado entre 2011 e 2012. A queda na produção de leite (18,6%) só foi menor que a da Paraíba (39,9%) e a de Pernambuco (36,1%), no país.

“A seca prolongada resultou na redução de muitos ‘plantéis’ (rebanho), sobretudo o de bovinos, causando impactos sobre a produção e produtividade de leite”, analisou o IBGE, no estudo.

A  redução do rebanho no RN foi quase 18 vezes maior que a do país e quatro vezes maior que a do Nordeste no período. Nos últimos dois anos, 190 mil bovinos morreram ou foram vendidos para o abate, em função da seca, de um total de 1 milhão de cabeças no RN.

Segundo o IBGE, os produtores enfrentaram ainda aumento nos custos dos principais insumos de produção, como produtos veterinários, e dificuldades para comprar milho e soja – principais componentes das rações.

2013

A situação em 2013, observa Tarcísio Bezerra, secretário de Agricultura do estado, não é muito diferente. O número de cabeças de gado e a produção de leite, segundo ele, deverão continuar caindo no estado, mas num ritmo menor. Ele estima mudanças só em 2014, quando voltar a chover.

Embora acredite que as piores perdas já tenham passado, Bezerra observa que o cenário no estado continua preocupante.  “Cerca de 140 dos 167 municípios do RN estão sendo abastecidos por carros-pipa. Há pelo menos mil comunidades sem água no estado e 20 açudes entrando em colapso. O desafio não é só garantir água para o rebanho, mas garantir água também para o consumo humano em muitas localidades”, afirmou.

Medidas, segundo ele, estão sendo tomadas para evitar perdas maiores. “Já distribuímos 40 mil sacas de ‘torta’ – alimento para o gado – até o momento. Vamos distribuir mais 75 mil até o final do ano e 180 mil até março de 2014. O Estado também tem solicitado ao governo federal e aos bancos públicos que flexibilizem a concessão de crédito para os produtores rurais”, disse.

Marcos Aurélio de Sá, presidente da Associação Norte-Riograndense dos Criadores (Anorc), estima que as perdas do setor sejam maiores que as registradas pelo IBGE. “Acredito que perdemos cerca de 30% do rebanho. As perdas serviram para mostrar aos produtores que é preciso se preparar para secas como essa”, disse.

A queda na produção, observa Elder de Oliveira Costa, supervisor de estatísticas agropecuárias do IBGE/RN, afeta a economia como um todo. “O produtor fica descapitalizado, menos dinheiro circula na economia, e o consumo cai nos municípios”.



Fonte: Tribuna do Norte 

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